Este artigo eu escrevi originalmente para o Portal Gestour em 2002. Achei conveniente postar aqui, considerando o fim da temporada de turismo em SC e todas as pesquisas decorrentes a ela: satisfação dos turistas, ocupação hoteleira, perfil dos profissionais que trabalham o setor, etc. Quando li novamente observei que está atual...
Turismo mais que responsável
Muito tem se falado no fenômeno
turístico. São investidores e empresários com espírito aventureiro que de uma
forma ou de outra acabam se envolvendo com a atividade, são milhares de
estudantes nas centenas de faculdades brasileiras, são os profissionais dos
múltiplos segmentos da economia que se beneficiam com o turismo direta ou
indiretamente.
O turismo está na moda. Passou o
“boom”, mas continua em voga. Agora num momento mais calmo, consolidando suas
práticas. A época agora é da “pós”. Surgem a cada dia um curso novo, com um
nome novo, com um apêndice novo. Especializações, MBA, mestrados – realmente a
“indústria” do conhecimento.
Quem já está há algum tempo na
estrada se surpreende com as novidades esdrúxulas, com o que acontece nos
bastidores, com as possibilidades diversas que o turismo nos remete. Mas, e o
cuidado e profissionalismo que é necessário ter? E a ética com relação à
prestação de serviços? E as interfaces com a cultura, a sociedade e a natureza,
tão importantes?
O turismo é sim uma grande
oportunidade de se realizar negócios, é sim um grande gerador de empregos, e
também uma alternativa viável para as economias municipais. Mas sempre quando
tratado com responsabilidade, isto é, com ciência. Aliás, fazer um turismo
consciente, responsável, equivale a fazer do turismo uma ciência. E isso vale
para os gestores públicos, para os planejadores do turismo e para o próprio
turista...
No ecoturismo, entretanto, o “green
is good for business” está cada vez mais rondando os eventos, as colunas de
jornais e as agendas dos executivos. Pensar verde é a tônica do momento.
Não só com o ecoturismo a
responsabilidade deve ser redobrada. A cultura de algumas localidades é tão
frágil quanto um ecossistema insular! O debate das vantagens do turismo numa
dada comunidade deve estar tanto embasado em dados científicos, quanto em
marketing empresarial – para se vender a ideia, é claro.
Sabe-se que existem alguns mitos em
relação ao turismo. Tão bem dissecou-os Leandro de Lemos em seu livro “Turismo:
que negócio é esse?” Sim, isso é um fato: fala-se muito da atividade turística,
mas com qual propriedade? Da indústria do turismo ao fenômeno turístico existe
um abismo. Assim como considerá-lo “da paz” ou “sem chaminés” é no mínimo
ingênuo, ou irresponsável.
A Organização Mundial do Turismo tem
uma frase célebre sobre isso: “a toll for peace and dialogue among civilizations”. Tudo
bem, afinal está fazendo o papel que cabe a ela... E eu finalizo aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário