21 de fev. de 2015

TURISMO MAIS QUE RESPONSÁVEL



Este artigo eu escrevi originalmente para o Portal Gestour em 2002. Achei conveniente postar aqui, considerando o fim da temporada de turismo em SC e todas as pesquisas decorrentes a ela: satisfação dos turistas, ocupação hoteleira, perfil dos profissionais que trabalham o setor, etc. Quando li novamente observei que está atual...

Turismo mais que responsável

Muito tem se falado no fenômeno turístico. São investidores e empresários com espírito aventureiro que de uma forma ou de outra acabam se envolvendo com a atividade, são milhares de estudantes nas centenas de faculdades brasileiras, são os profissionais dos múltiplos segmentos da economia que se beneficiam com o turismo direta ou indiretamente.

O turismo está na moda. Passou o “boom”, mas continua em voga. Agora num momento mais calmo, consolidando suas práticas. A época agora é da “pós”. Surgem a cada dia um curso novo, com um nome novo, com um apêndice novo. Especializações, MBA, mestrados – realmente a “indústria” do conhecimento.

Quem já está há algum tempo na estrada se surpreende com as novidades esdrúxulas, com o que acontece nos bastidores, com as possibilidades diversas que o turismo nos remete. Mas, e o cuidado e profissionalismo que é necessário ter? E a ética com relação à prestação de serviços? E as interfaces com a cultura, a sociedade e a natureza, tão importantes?




O turismo é sim uma grande oportunidade de se realizar negócios, é sim um grande gerador de empregos, e também uma alternativa viável para as economias municipais. Mas sempre quando tratado com responsabilidade, isto é, com ciência. Aliás, fazer um turismo consciente, responsável, equivale a fazer do turismo uma ciência. E isso vale para os gestores públicos, para os planejadores do turismo e para o próprio turista...

No ecoturismo, entretanto, o “green is good for business” está cada vez mais rondando os eventos, as colunas de jornais e as agendas dos executivos. Pensar verde é a tônica do momento.

Não só com o ecoturismo a responsabilidade deve ser redobrada. A cultura de algumas localidades é tão frágil quanto um ecossistema insular! O debate das vantagens do turismo numa dada comunidade deve estar tanto embasado em dados científicos, quanto em marketing empresarial – para se vender a ideia, é claro. 





Sabe-se que existem alguns mitos em relação ao turismo. Tão bem dissecou-os Leandro de Lemos em seu livro “Turismo: que negócio é esse?” Sim, isso é um fato: fala-se muito da atividade turística, mas com qual propriedade? Da indústria do turismo ao fenômeno turístico existe um abismo. Assim como considerá-lo “da paz” ou “sem chaminés” é no mínimo ingênuo, ou irresponsável.

A Organização Mundial do Turismo tem uma frase célebre sobre isso: “a toll for peace and dialogue among civilizations”. Tudo bem, afinal está fazendo o papel que cabe a ela... E eu finalizo aqui.